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Integração

DW/Agências (ks/ca)6 de janeiro de 2009

Cidade holandesa de Roterdã nomeou o imigrante marroquino Ahmed Aboutaleb, de 47 anos, como primeiro prefeito muçulmano de grande cidade da Europa Ocidental. Imprensa do país o chamou de "Barack Obama da Holanda".

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Ahmed Aboutaleb é esperança de integraçãoFoto: AP

Na segunda-feira (05/01), o imigrante marroquino Ahmed Aboutaleb assumiu o cargo de primeiro prefeito muçulmano de uma grande cidade da Europa Ocidental. Aboutaleb emigrou em 1976 para Holanda, trabalhou como porta-voz ministerial e como vice-ministro do governo holandês.

O filho de imame preserva, até hoje, também a nacionalidade de seu país de origem. "Sou uma espécie de soldado de frente", afirmou o novo prefeito da cidade portuária. "Fui o primeiro imigrante do Marrocos que estudou Engenharia Aeronáutica, o primeiro que foi porta-voz e o primeiro imigrante muçulmano a ser vice-ministro em Haia.

E agora, ele é o primeiro prefeito muçulmano de uma grande cidade da Europa Ocidental. O político social-democrata goza de grande simpatia na sociedade holandesa. O jornal cristão-liberal Trouw o considerou o "Barack Obama da Holanda". Sua nomeação como prefeito de uma cidade onde a problemática da migração polariza mais do que em qualquer outro lugar teria sido "um grande progresso no debate nacional sobre integração de imigrantes", acresceu o jornal

Em Roterdã, no entanto, o prefeito não é eleito por voto direto, mas por uma comissão de confiança do Conselho Municipal cuja decisão tem que ser, posteriormente, confirmada pela rainha. A nomeação de Aboutlaleb, em outubro último, foi uma sensação política em toda a Europa.

Esperança contra desordeiros

Pim Fortuyn tot
Fortuyn mostrou lado obscuro da política de integraçãoFoto: AP

Os 350 mil marroquinos formam um dos maiores grupos de imigrantes da Holanda, que possui 16,3 milhões de habitantes. Um dos principais motivos para eleição de Aboutaleb pela comissão de confiança foi o fato de que metade dos habitantes de Roterdã tem origem estrangeira. Espera-se que o novo prefeito consiga controlar um grupo de notórios desordeiros entre jovens muçulmanos. Há anos que esses aterrorizam bairros completos de grandes cidades holandesas como Amsterdã ou Roterdã.

E Aboutaleb sempre reagiu de forma enérgica. "Quem quiser ficar neste país deve aceitar as normas e os valores locais", afirmou o político quando trabalhava como chefe de departamento na Prefeitura de Amsterdã. "Quem não quiser fazê-lo é melhor fazer as malas e partir", acresceu Aboutaleb na época.

Por esse motivo, Aboutaleb foi visto como um traidor por alguns marroquinos. Em Roterdã, ele também fez inimigos. "Ainda que seja marroquino, Aboutaleb não tem uma boa imagem da gente". "Ele deveria se engajar pelo seu próprio povo em vez de nos recriminar", afirmou uma conterrânea muçulmana do novo prefeito.

Sinal de integração

Ahmed Aboutaleb regiert seit Montag den 5.1.2009 eine Großstadt
Aboutaleb não agrada a populistas de direitaFoto: picture-alliance/ dpa

Aboutaleb também não agrada o populismo de direita. Com vista à sua nomeação como prefeito, alguns políticos de direita duvidaram da sua lealdade perante a Holanda. Na segunda-feira, manifestantes protestaram em frente à prefeitura de Roterdã segurando um cartaz com os dizeres "Pim Fortyun não teria gostado do que aconteceu hoje aqui". O populista de direita Pim Fortyun, assassinado em 2002, também iniciou sua carreira em Roterdã.

Com suas declarações controversas sobre a imigração, Fortuyn quebrou um tabu e mostrou o lado obscuro da política de integração na Holanda. A nomeação de Aboutaleb para a prefeitura da cidade portuária se tornou um espinho nos olhos dos correligionários de Fortyun.

A maioria dos habitantes de Roterdã, no entanto, reagiu positivamente à nomeação de Aboutaleb. Muitos veem aí um sinal de que os holandeses estão a caminho de um novo equilíbrio em matéria de política de integração. Veem também um sinal de que está se fechando o abismo entre imigrantes e holandeses que se formou desde a época de Fortyun e que aumentou após o assassinato do crítico do islamismo, o diretor de cinema Theo van Gogh, em 2004.