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HistóriaAlemanha

1959: Aberta conferência de Genebra sobre a Alemanha

Dirk KaufmannPublicado 11 de maio de 2016Última atualização 11 de maio de 2022

No dia 11 de maio de 1959, os ministros do Exterior dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França e da Rússia reuniram-se em Genebra para uma conferência que duraria três meses.

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Panorama von Genf mit Blick auf den Genfersee
Foto: imago/imagebroker

O contraste não poderia ser maior quando os ministros do Exterior das quatro potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial encontraram-se em Genebra para uma conferência que duraria quase três meses.

Num dos lugares mais bonitos da Europa, a idílica e tranquila cidade às margens do Lago de Genebra, seria negociada a solução de uma das maiores crises da Guerra Fria. O tema da conferência iniciada no dia 11 de maio de 1959 era a situação de Berlim e o futuro da Alemanha.

Pressão russa

Não fazia mais que dez anos desde que o prefeito de Berlim na época, Ernst Reuter, lançara um desesperado apelo mundial: "Povos do mundo, observem esta cidade!". Pouco tempo antes, a primeira crise berlinense tinha sido encerrada sem maiores consequências, graças à intervenção das potências ocidentais. Os russos desistiram do bloqueio feito a Berlim Ocidental.

Porém, em 10 de novembro de 1958, o secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Nikita Krutchev, pronunciou um importante discurso no Palácio dos Esportes em Moscou, no qual ele voltava a ameaçar Berlim.

A cidade deveria ser unificada, desmilitarizada e declarada autônoma. Isso deveria ocorrer dentro do prazo de seis meses. Caso contrário, seria concedida completa soberania à Alemanha Oriental. Krutchev descreveu as consequências eventuais de tal medida: "… isso significa que ela terá de exercer a sua soberania em terra, nas águas territoriais e no espaço aéreo! Ao mesmo tempo, serão suspensos todos os contatos com os representantes das Forças Armadas e outras autoridades dos EUA, do Reino Unido e da França, em questões relacionadas com Berlim!".

Superar a divisão da Alemanha

Dez anos após Ernst Reuter, o prefeito de Berlim chamava-se Willy Brandt. Sua reação ao ultimato de Krutchev: "Não existe uma solução isolada para a questão de Berlim. Se há que contribuir para a distensão e a reunificação da Alemanha, conforme afirma entre outras coisas a nota soviética, então não se trata neste momento da questão de Berlim, mas sim de superar a divisão da Alemanha. É sobre isso que se tem de negociar e não sobre uma mudança da situação de Berlim".

As potências vencedoras acertaram a realização de uma conferência para tratar da questão alemã, antes que vencesse o ultimato. Pela primeira vez, foi aceita a participação dos alemães ocidentais e orientais como observadores – uma concessão feita por Moscou. No dia 11 de maio de 1959, os ministros de Relações Exteriores Gromyko, Lloyd, de Murville e Herter reuniram-se no Palácio das Nações, em Genebra.

Plano Herter

O então secretário de Estado americano, Christian Herter, apresentou um plano que ficou conhecido pelo seu nome, a primeira resposta construtiva do Ocidente ao ultimato de Krutchev. Ele previa um processo de quatro fases para a reunificação alemã: a reunificação de Berlim sob a égide das quatro potências, a criação de uma comissão para toda a Alemanha, eleições livres para uma assembleia constituinte de toda a Alemanha e, finalmente, um acordo de paz, mas somente com uma Alemanha reunificada.

Da sua parte, Andrei Gromyko criticou inicialmente que as negociações de paz tivessem sido postas no final do processo. Porém, o que mais incomodou Moscou foi o primeiro ponto do plano. O objetivo do ultimato de novembro e o interesse russo eram uma eliminação da tutela das quatro potências sobre Berlim. O plano sugeria o contrário, a extensão do controle conjunto a toda a cidade – uma proposta inaceitável para Moscou.

Exigências de Krutchev

No dia 20 de junho, a conferência decidiu suspender os trabalhos por três semanas, para buscar um consenso através de contatos bilaterais. Tês dias depois, Krutchev demonstrou que não estava muito disposto a um consenso, afirmando ao emissário ocidental Averell Harriman: "Esteja certo de que não aprovarei a reunificação alemã, se não estiver previsto um sistema socialista para a Alemanha".

Depois disso, Herter rechaçou todas as ofertas russas anteriores e propôs que uma minuta alemã fosse aceita como resolução final da conferência. Essa proposta sugeria que a conferência de Genebra fosse transformada num grêmio permanente, a fim de que se chegasse a uma solução da questão alemã, através de negociações contínuas.

Quando Gromyko rejeitou também essa última proposta, a conferência foi dada como fracassada. No dia 5 de agosto, as quatro potências deixaram Genebra sem qualquer resultado concreto.

Promessa vã

A União Soviética deixou esgotar o prazo do ultimato de novembro, mas Moscou ainda não havia desistido do seu intento, conforme se pôde constatar apenas três anos depois.

"Ninguém tem a intenção de construir um muro!", afirmou o presidente do Conselho de Estado da RDA, Walter Ulbricht. Mas isso foi feito, cimentando a divisão alemã. A fracassada conferência dos ministros de Relações Exteriores de 11 de maio de 1959, em Genebra, foi a última tentativa das antigas potências aliadas, vencedoras da Segunda Guerra Mundial, de terminar a Guerra Fria.

Somente depois da derrocada do Pacto de Varsóvia e da queda do Muro de Berlim, 30 anos mais tarde, é que os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a União Soviética voltaram a negociar sobre o futuro da Alemanha. Nas chamadas "Conversações 4 + 2", ou seja, com a inclusão de representantes das Alemanhas Ocidental e Oriental, foi suspensa a divisão alemã e encerrado definitivamente o pós-guerra na Europa.