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Final feliz

2 de novembro de 2007

Após duas décadas de polêmica, começa em Berlim a construção do novo centro de documentação Topografia do Terror. O projeto será aberto ao público em maio de 2010, no 65º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.

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Exposição provisória ao ar livre recebeu mais de meio milhão de visitantes em 2006Foto: Stiftung Topographie des Terrors / H.J. Beyer

Após mais de duas décadas de polêmica, começa em Berlim a construção do novo centro de documentação Topografia do Terror, pondo um fim a esta que para muitos já era quase uma história sem fim.

No terreno, localizado em frente ao Ministério das Finanças (ex-Ministério da Aeronáutica da Alemanha nazista) e a poucas centenas de metros da praça Potsdamer Platz, uma das grandes atrações turísticas da capital alemã, funcionavam os quartéis-generais da SS e da Gestapo, onde mais de 15 mil adversários do regime nazista foram aprisionados e torturados e onde também foi preparada a Conferência de Wannsee, que determinou o destino a ser imposto aos judeus alemães.

Topographie des Terrors Entwurf des Dokumentationszentrum Neubaus
Fachada externa do projetoFoto: Heinle, Wischer und Partner (Visualisierung: Simon Breth, Berlin)

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os restos do edifício foram derrubados e os 6,2 hectares, terraplenados, caindo mais e mais em esquecimento à sombra do Muro de Berlim, erguido em 1961 ao longo da mesma rua.

Depois que diversas iniciativas civis se empenharam em reacender o interesse público pelo local – que para o prefeito Klaus Wowereit é, mais que qualquer outro, sinônimo de "terrorismo e genocídio" –, foi realizado em 1983 um primeiro concurso em busca de conceitos de aproveitamento do espaço, que acabou não levando a nada.
Em 1987, como parte das comemorações dos 750 anos da cidade, foi inaugurada a exposição Topografia do Terror, abrigada em uma espécie de tenda provisória e até hoje muito bem visitada, tendo recebido mais de meio milhão de visitantes em 2006. Só no começo dos anos 90, após a criação de uma fundação homônima destinada a administrar o patrimônio cultural, foi finalmente decidido que ali seria construído um novo edifício.

O projeto do arquiteto suíço Peter Zumthor foi o escolhido no segundo concurso em 1993. No entanto, logo se mostrou inviável por questões financeiras, tendo os custos saltado de 18 para 38 milhões de euros, mais que o dobro do total inicialmente previsto. A estrutura do edifício, em cuja construção já haviam sido investidos 15 milhões de euros, teve de ser demolida em 2004, contra a vontade do arquiteto.

Topographie des Terrors Entwurf des Dokumentationszentrum Neubaus Innenansicht
Espaço internoFoto: Heinle, Wischer und Partner (Visualisierung: Simon Breth, Berlin)

"Experiência histórica direta"

Numa terceira e última tentativa, foi escolhido, entre mais de 300 candidatos, o projeto da arquiteta Ursula Wilms, do escritório Heinle, Wischer & Partner, de Stuttgart. Com cerca de 3,5 mil metros quadrados de área útil espalhados por dois andares, o sóbrio prédio de estrutura quadrada e ornado com uma fachada de vidro e lamelas de aço deve ficar pronto até o fim de 2009. A abertura ao público está prevista para 8 de maio de 2010, no 65º aniversário do fim da Segunda Guerra.

Uma das preocupações da arquiteta foi realçar os restos das ruínas do edifício histórico, os "lugares autênticos", como os chamou Andreas Nachama, diretor da fundação, e que também poderão ser observados de dentro do edifício. Segunda Wilms, a estrutura plana do prédio ajuda a salientar o terreno em que se situa, facilitando o acesso às ruínas e permitindo uma "experiência histórica direta".

Gedenkstätte Topographie des Terrors in Berlin Kreuzberg
Subterrâneos da Gestapo à sombra do Muro de BerlimFoto: dpa

Além da exposição, o centro de documentação contará ainda com uma biblioteca de cerca de 20 mil volumes, auditórios e escritórios para os funcionários da fundação. Ao todo, serão investidos cerca de 19 milhões de euros na realização do projeto, além de outros quatro milhões na decoração do centro e mais um milhão para o cuidado da área verde.

Uma câmera de vídeo instalada no edifício ao lado, o salão de exposições Martin-Gropius-Bau, permitirá acompanhar de perto o andamento das obras do centro, que, juntamente com o Memorial do Holocausto e a Casa da Conferência de Wannsee, entre outros, fará parte de uma rede de pontos históricos ligados ao passado nazista na capital alemã, informou o Ministério da Cultura. (rr)