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Eleições na Ucrânia

Klaus Dahmann (rr)30 de setembro de 2007

O espírito da Revolução Laranja se dissipou e a Ucrânia vive um impasse político. As eleições de domingo podem mudar o rumo do país, mas a Rússia pode tornar essa mudança cara.

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Resultados são imprevisíveisFoto: AP

O espírito da Revolução Laranja de três anos atrás praticamente se dissipou e nada parece indicar a prometida guinada em direção ao Ocidente. Apenas a capital Kiev se desenvolve, enquanto o resto do país se mantem estagnado e a Rada, o Parlamento ucraniano, se desgasta com querelas políticas intermináveis.

O presidente Viktor Yushchenko, que decidiu convocar novas eleições, se mostra otimista em relação ao resultado das urnas neste domingo (30.09). "Vivemos com Deus e decidimos conforme o espírito da Constituição. Estou convencido de que a Ucrânia vai resolver esta tarefa", disse.

No entanto, os resultados poderiam complicar ainda mais a situação do país. Na sexta-feira, o jornal moscovita Kommersant divulgou que a Rússia poderia elevar drasticamente os preços do abastecimento de gás natural à Ucrânia, caso o país passasse a ser governado por uma coalizão pró-Europa. "Tudo dependerá da composição do governo", teria dito o embaixador russo em Kiev, Viktor Chernomirdin.

De acordo com o jornal, fontes seguras indicam que o preço por mil metros cúbicos subirá de 130 dólares para até 230 dólares, caso a ícone da Revolução Laranja, Julia Timoshenko, seja nomeada premiê, ou apenas para algo entre 145 e 175 dólares, caso o atual premiê Viktor Yanukovitch, que mantém bons laços com Moscou, permaneça no cargo.

Parceiros instáveis

Yanukovitch – antes adversário da Revolução Laranja, mais tarde parceiro e agora rival do presidente – tentou evitar com unhas e dentes a realização de um novo pleito. "Estou certo de que não há motivos nem econômicos nem sociais para novas eleições", disse. "São apenas ambições de políticos da oposição e o presidente se dá por satisfeito."

Julia Timoshenko, terceira protagonista no palco político da Ucrânia, já compartilhou os ideais do presidente, por quem foi nomeada chefe de governo, foi mais tarde ser destituída do cargo e agora volta a apoiar Yushchenko. Há meses, ela defende a opinião de que não é preciso temer novas eleições.

Pesquisas vêem pró-russos na frente

Mas permanece incerto, se a Ucrânia conseguirá sair do impasse político em que se encontra. O partido de Viktor Yanukovitch, fiél a Moscou, conta com a maior bancada no plenário e, segundo pesquisas, também possui as melhores chances de vitória, com cerca de um terço dos votos válidos.

Wahlen Ukraine Wahllokal in Kiew Viktor Yanukovych an der Wahlurne Wiktor Janukowitsch
Premiê Viktor YanukovitchFoto: AP
Wahlkampf Ukraine - Julia Timoschenko
Ex-premiê e líder da oposição Julia TimoshenkoFoto: picture-alliance/dpa
Wahlen Ukraine Wahllokal in Kiew Viktor Yushchenko an der Wahlurne Präsident Wiktor Juschtschenko
Presidente Viktor YushchenkoFoto: AP

O atual premiê conta com o apoio do do alto empresariado, bem como do eleitorado principalmente do leste e do sul do país, onde se fala mais russo que ucraniano e se assiste à televisão russa. Mas Yanukovitch se tornou mais pragmático e decidido a conhecer melhor o restante do eleitorado.

Com Julia Timoshenko, não é diferente. A "Joana d'Arc da Ucrânia", como é descrita com freqüência, pretende conquistar mais que seu fiel eleitorado pró-europeu no oeste do país e promete melhorar suas relações com Moscou.

Apesar da trança tradicional e da imagem de boa moça, ela já deu sinais de que pode ser dura e conservadora. Mas, politicamente, tampouco ela conseguiu se impor. Mesmo assim, as pesquisas indicam que seu partido deve obter cerca de 25% dos votos.

Aliás, um prognóstico bem maior que o previsto para Yushchenko. Segundo pesquisas, o partido do atual presidente não deve obter mais que 12% do total de votos. Embora o economista de experiência internacional tenha despontado há três anos como grande esperança política da nação, sua tão elogiada calma logo provou ser antes insegurança.

Os ucranianos agora vão às urnas para votar em partidos, cuja sobrevivência depende de sua capacidade de coalizão. Yushchenko busca novamente o apoio de Timoshenko e considera possível repetir a aliança laranja. Mas ele não é o único: também Yanukovitch pode depender de Timoshenko para chegar ao poder.