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Brinquedos made in China

Andreas Leixnering (sv)22 de agosto de 2007

Central de defesa do consumidor na Alemanha reivindica melhor controle de qualidade dos produtos importados da China.

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Brinquedos produzidos na China: debate acesoFoto: dpa
Na Europa, produtos "made in China" se tornaram sinônimo de má qualidade. Na Espanha, a polícia apreendeu somente em julho último 700 mil tubos de pasta de dente importados da China, nos quais foi detectada uma substância tóxica, usada normalmente em produtos anticongelantes.

Há semanas, as manchetes sobre a qualidade duvidosa de produtos fabricados na China vêm se repetindo em várias regiões do mundo. As autoridades chinesas revidam as acusações, apontando para a parcela de responsabilidade das multinacionais. "É preciso prestar muita atenção na qualidade dos brinquedos em todos os âmbitos. Não apenas em relação aos fabricantes, mas também na hora de importar e comprar", declara Wang Xinpei, porta-voz do Ministério chinês do Comércio.

Responsabilidade das multinacionais

De fato, a maioria das grandes empresas multinacionais ocidentais usa a China para fabricar seus produtos. Somente a Alemanha importou, em 2006, mercadorias no valor aproximado de nada menos que 50 bilhões de euros. Uma clara opção pelo rápido e barato. No entanto, a qualidade de muitos desses produtos se mostra ruim ou acaba-se descobrindo que eles são produzidos em fábricas que ignoram padrões ambientais ou regras trabalhistas.

Essas deficiências "se refletem na qualidade dos produtos", diz Sylvia Maurer, da Central Federal de Defesa do Consumidor na Alemanha. Segundo a especialista, na União Européia o fabricante é responsável pelo controle de qualidade do que produz. E é dele a culpa, em caso de problemas como os enfrentados pela firma Mattel, nos EUA, que desde o início de agosto último teve que retirar do mercado milhões de bonecas e carrinhos, em cuja fabricação havia sido utilizada uma tinta contendo chumbo.

Pequenas peças não bem afixadas podem, no caso, ser engolidas por crianças. Nos EUA, foi registrada a morte de um bebê em consequência disso. Já em novembro de 2006, o fabricante havia detectado defeitos em produtos vindos da China. "Pergunta-se por que demorou oito meses até que analisassem o resto da mercadoria", observou Maurer à DW-WORLD.

Deficiências de controle: altos custos

Schuhfabrik in China
Grandes empresas: produtos feitos na China, para reduzir despesasFoto: PA/dpa
Controlar os produtos importados, contudo, custa dinheiro. E as empresas costumam querer reaver esse dinheiro despendido com estratégias de controle no valor da mercadoria. Uma vigilância deficitária, porém, também acaba não sendo barata. " retirada de milhares de brinquedos do mercado, como à que o grupo Mattel foi obrigado,custou em torno de 30 milhões de dólares", declarou o presidente da empresa, Bob Eckert, em meados de agosto último.

Piores ainda são as quedas de venda causadas pela falta de confiança dos pais, preocupados após lerem sobre os escândalos na imprensa. Isso sem contar os vários escritórios de advocacia dos EUA, que preparam queixas conjuntas de clientes contra o fabricante. Mesmo assim, especialistas de defesa do consumidor não acreditam que os prejuízos financeiros e o medo da concorrência possam servir como incentivo para um controle mais acirrado.

"Trata-se aqui de uma decisão tomada nos altos escalões políticos", diz Sylvia Maurer. Uma das possibilidades seria proibir a importação de produtos de fabricantes que tiverem repetidamente desrespeitado as regras, "não importando onde a mercadoria tiver sido produzida".

Função do Estado

Além da pressão sobre o fabricante, o controle estatal sobre a qualidade dos produtos comercializados também teria que ser mais eficientes, acredita Maurer. No entanto, no último ano, os departamentos de vigilância de qualidade da União Européia reduziram verbas e pessoal.

Para a especialista, outro aspecto importante é uma linha comum de conduta entre os países da UE. O selo de segurança usado atualmente não diz nada, comenta a especialista, uma vez que ele é definido pelos próprios fabricantes. Isso quando eles não falsificam esse selo, como é comum nos casos de produtos importados da China.