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Economistas previram título italiano já em abril

Roselaine Wandscheer/Monika Mitrovska7 de julho de 2006

"É provável que a Itália seja campeã", previu estudo do suíço UBS dois meses antes da Copa. Também estudo holandês projetou vantagens econômicas para a Itália e a UE, se italianos levarem o título.

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Só domingo se saberá se previsões estavam corretasFoto: AP

É uma grande coincidência que, em pleno mês de abril, enquanto os apreciadores do futebol-espetáculo ainda sonhavam que o Brasil conquistaria o hexa diante de uma final contra a Alemanha, duas renomadas instituições financeiras especulavam as eventuais vantagens econômicas para a Itália e a União Européia, se a seleção de Totti levasse o título.

O estudo Soccernomics 2006, do renomado instituto financeiro holandês ABN Amro, analisou as possíveis conseqüências econômicas para o mundo se uma nação européia ser campeã, sem levar em consideração, por exemplo, o desempenho brasileiro na Copa. Os autores do estudo, Ruben van Leeuwen e Charles Kalshoven partira do princípio − comprovado historicamente − de que a conquista de um título mundial tem efeitos positivos sobre a economia de um país.

Impulso no consumo e produção

Mas por que a Itália? Segundo a ABN Amro, das cinco potências européias − Alemanha, Reino Unido, França e Espanha − a situação conjuntural italiana era a pior, explica Kalshoven. A vitória italiana em Berlim aumentaria a confiança e daria um impulso no consumo e na produção.

O que provavelmente se refletiria de forma positiva na União Européia e na economia global. Na época, a ousada tese foi aplaudida pela imprensa romana, embora o favoritismo de Brasil, Alemanha, Argentina e Inglaterra ainda fosse maior.

Também os analistas do banco suíço divulgaram um estudo dois meses antes da Copa, em que previam que a Itália derrotaria o Brasil na decisão do Mundial. Seu argumento foi que oito das nove Copas do Mundo realizadas na Europa foram vencidas por uma seleção européia. DW-WORLD conversou sobre isso com Andreas Höfert, economista-chefe da União de Bancos Suíços (UBS).

DW-WORLD: Segundo prognósticos feitos em abril pelos analistas do banco, o vencedor da Copa 2006 seria a Itália. Em que se baseou esta previsão?

Andreas Höfert: Trabalhos com modelos de probabilidades. Estes modelos baseiam em valores estatísticos. É comum aplicar estes modelos em análises de temas econômicos em prognósticos para a conjuntura ou a bolsa de valores. No caso do prognóstico da Copa, aplicamos os modelos para analisar um tema de interesse atual.

Que critérios foram usados na simulação?

A simulação é composta de vários fatores. Inicialmente, questionou-se, por exemplo, se a taxa de desemprego do país participante da Copa é alta ou baixa, quantos habitantes tem o país, quantas vezes já participou da Copa e com que resultado e o ranking do país antes da Copa. Com base nesta estatística, é feito um modelo seqüencial, que nos permite formular um prognóstico de desempenho na Copa. Chegamos à conclusão que fatores socioeconômicos não influenciam a chance de uma seleção levar o título.

Por que a Itália seria a suposta campeã, conforme o estudo?

Isto tem a ver em primeira linha com a história da Itália em Copas. Só uma pequena elite, ou seja, Brasil, Alemanha e Itália, reúnem nesta 18ª Copa dois terços dos títulos já conquistados. A matemática de probabilidades usa ainda fatores como a avaliação de cada time e resultados de partidas antes do Mundial.

Que vantagens seus clientes têm de uma análise deste tipo?

Neste caso é melhor perguntar: por que fizemos o estudo? Em primeiro lugar, por que seguimos uma compulsão lúdica e intelectual que nos levou a experimentar nossas ferramentas estatísticas e econômicas numa questão mais "trivial". Isto também levou a que otimizássemos nossa elaboração de prognósticos, o que naturalmente é importante para outras prognoses "sérias".

Muitos dos seus investidores se deixaram influenciar pelas projeções?

Não acredito que tantas pessoas tenham apostado na Itália antes da Copa.

A simulação também pode ser aplicada para 2010?

Sim, com certeza. Em princípio podem ser usados os mesmos modelos, se bem que parto do princípio de que até lá eles estarão aperfeiçoados.

Pode-se prever o campeão de 2010?

Ainda é muito cedo. Muita coisa pode acontecer em quatro anos, justamente no futebol. E justamente os resultados de futuros torneios são importantes para fazer esta avaliação. Uma projeção feita agora com certeza seria mais incorreta do que uma feita em abril de 2010.