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Menos velocidade, mais toque

8 de julho de 2011

Diferenças biológicas, como a força física, e de comportamento, como a agressividade, tornam a versão feminina do futebol mais lenta e até mesmo mais estética do que a masculina, dizem técnicos alemães.

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A alegria de comemorar um gol é igual para todos
A alegria de comemorar um gol é a mesma para todosFoto: DPA

À primeira vista, os treinos das equipes femininas são iguais aos das equipes masculinas. Mas os torcedores que acompanham a movimentação das arquibancadas logo percebem diferenças: o jogo das mulheres é mais lento, e os chutes não são tão fortes.

A zagueira Charline Hartmann, do clube alemão Colônia, pondera que o que as mulheres não têm em velocidade têm em tática. "Mulheres jogam mais devagar", concorda Hartmann, "mas nós mantemos a bola por mais tempo em jogo. Nos jogos masculinos, as interrupções são mais frequentes por causa das faltas cometidas ou das atitudes agressivas. Se fôssemos tão rápidas quanto os homens, seríamos superiores tecnicamente, pois não jogamos de forma tão agressiva".

O fato de as mulheres serem menos agressivas nas partidas de futebol se reflete na escalação das equipes. As jogadoras sofrem menos com lesões e, quando lesionadas, não ficam tanto tempo longe dos gramados.

Tritschoks: coração da mulher é menor que o do homem
Tritschoks: coração da mulher é menor que o do homemFoto: DW

Diferenças físicas

Na Alemanha, grande parte das jogadoras de futebol já passou por seleções juvenis mistas, ou seja, equipes formadas por homens e mulheres. No início as garotas conseguem acompanhar os rapazes, mas depois de um tempo isso não é mais possível. "Eu queria ser cada vez mais rápida, e por um tempo isso deu certo. Mas aí começou a fase de crescimento dos garotos, e eu não consegui mais acompanhar", relembra a atacante do Colônia Yvonne Zielinski, de 21 anos.

"Não importa quantas vezes e com que intensidade as mulheres treinem, a diferença biológica de força que existe entre homens e mulheres não pode ser superada", diz o professor de medicina esportiva Hans-Jürgen Tritschoks, da Escola Superior de Educação Física de Colônia. "O coração da mulher é entre 10% e 15% menor que o do homem; elas têm menos massa muscular e menor volume de sangue", explica.

Tritschoks é também um dos mais bem-sucedidos técnicos do futebol feminino alemão. Em 2008, com o FFC Frankfurt, ele foi campeão alemão e da Copa da Alemanha, além de vencer a copa feminina da Uefa.

Segundo ele, com as garotas não é preciso preocupar-se tanto com disciplina. "Durante os exercícios físicos, elas não vão parar o que estão fazendo só porque o treinador virou as costas", exemplifica. "No caso dos homens, é necessário chamar um pouco mais a atenção."

Encorajamento e reconhecimento é o que Zielinski mais espera de um treinador. Somente assim ela diz se sentir motivada para alcançar um desempenho ainda maior. "Gosto de treinadores que não falam somente do lado negativo", diz. "Claro que o treinador deve dar sugestões, dizer onde podemos melhorar, mas é melhor quando ele também diz o que estamos fazendo certo."

Yvonne Zielinski precisa de feeback positivo
Zielinski destaca importância do feedback positivoFoto: picture-alliance / Digitalfoto Matthias

Maior sensibilidade

O treinador de Zielinski no Colônia, Markus Kühn, diz que as mulheres são mais objetivas e receptivas. "As mulheres reagem de forma diferente aos conselhos. Elas costumam refletir mais do que os homens."

Jogadores e jogadoras também têm diferentes necessidades de relacionamento interpessoal, diz Kühn. No início de cada treino, elas têm de 10 a 15 minutos para "colocar a fofoca em dia", conta, para só depois iniciar os trabalhos do dia.

Kühn se declara fã do futebol feminino, que ele considera um esporte estético, ao passo que o masculino seria um esporte de luta. Mas essa é uma posição minoritária. Se compararmos o número de torcedores nos estádios alemães, é visível a preferência do público pela versão "de luta" do esporte. Na Bundesliga masculina, o público médio na temporada passada foi superior a 40 mil torcedores. Na Bundesliga feminina, reunir 4 mil pessoas para um jogo já é motivo de orgulho.

Autor: Matt Zuvela (br)
Revisão: Alexandre Schossler