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Guerra na Líbia

21 de março de 2011

Europeus estão divididos sobre ação militar na Líbia. Otan continua discutindo papel da aliança em meio a controvérsias. Complexo de Kadafi é atingido em segunda onda de ataques de forças ocidentais.

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Soldados líbios inspecionam danos em complexo de KadafiFoto: dapd

Os europeus estão divididos sobre a intervenção militar na Líbia, enquanto alguns membros da Otan exigem que a aliança assuma o comando das operações. A organização não conseguiu um acordo na noite de domingo sobre uma possível liderança da aliança na implementação da zona de exclusão aérea sobre a Líbia. A Turquia bloqueou um acordo, insistindo em uma maior proteção aos civis. As negociações prosseguem com uma reunião nesta segunda-feira (21/03) em Bruxelas.

Os representantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte retomam as negociações em meio a controvérsias. A França, que atualmente desempenha papel de liderança na coalizão internacional, é contra a Otan assumir o controle, pois teme uma reação do mundo árabe. A Dinamarca, que já tem caças F-16 voando sobre a Líbia, quer ver a aliança envolvida o mais cedo possível, tal como Luxemburgo.

Mau sinal

Luxemburg Außenminister Jean Asselborn
Ministro do Exterior de Luxemburgo, Jean AsselbornFoto: AP

O ministro do Exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn, disse que a discussão prejudica a intervenção e deve ser suspensa imediatamente. "Seria um mau sinal se a coalizão de franceses, britânicos e americanos levar a intervenção adiante e, quando aparecerem problemas, a Otan ter que intervir", disse o ministro.

Ele também criticou indiretamente a posição alemã. Berlim se absteve no Conselho de Segurança da ONU e não participa da intervenção. Segundo Asserborn, os membros da UE estão de acordo que Kadafi deve ser impedido de executar novos massacres e deve deixar o país. Ele lembrou que a Alemanha destoa deste consenso. "Mas não estou aqui para criticar e sim para constatar este fato", acrescentou.

Posição alemã aprovada por árabes

A crítica da Liga Árabe à ação militar contra a Líbia é interpretada pelo ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, como uma confirmação de que Berlim tem razão em seu ceticismo quanto aos ataques. "As declarações da Liga Árabe mostram que o governo tinha razões para as suas preocupações", disse Westerwelle. O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, havia acusado os bombardeios de não corresponderem ao objetivo de impor uma zona de exclusão aérea, por causarem vítimas civis.

Westerwelle salientou a recusa do governo alemão em participar da operação militar no país norte-africano. "Não vamos participar enquanto governo nesta missão militar na Líbia", disse. Ele acrescentou que as Forças Armadas alemãs não serão enviadas para a Líbia: "Chegamos à conclusão de que esta guerra traz também riscos significativos, não apenas para a Líbia, mas à região como um todo".

Objetivo claro

O ministro alemão afirmou também que Berlim tem como "objetivo claro" ampliar as sanções contra a Líbia. "Isso implicaria sanções econômicas e financeiras, incluindo um embargo de petróleo", disse. "O importante é secar as fontes financeiras do ditador", observou.

Belgien EU Libyen Deutschland Außenminister Guido Westerwelle
Westerwelle justificou posição alemãFoto: dapd

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, defendeu no Cairo a coesão da coalizão internacional, após as críticas da Liga Árabe aos ataques. "É importante que a comunidade internacional fale a uma só voz para aplicar a segunda resolução do Conselho de Segurança da ONU", disse.

O ministro turco da Defesa, Vecdi Gonul, censurou o papel destacado da França nas operações militares na Líbia. "Temos alguma dificuldade em compreender que a França aja como se fosse o principal executor das decisões das Nações Unidas", afirmou em uma coletiva de imprensa em Ancara. "Ficou bem claro que os Estados Unidos é que detêm o comando."

Bombardeio atinge complexo de Kadafi

Forças ocidentais lançaram uma segunda onda de ataques aéreos na Líbia durante a noite do domingo, e funcionários em Trípoli afirmaram que um míssil "com intenção de matar Muammar Kadafi" teria destruído um prédio em seu complexo fortificado. Um representante das forças internacionais disse à agência de notícias AFP que o prédio destruído tinha funções de "comando e controle" militar das tropas líbias. O edifício fica próximo à residência do ditador.

"Foi um ataque bárbaro", disse o porta-voz do governo, Mussa Ibrahim, mostrando estilhaços que ele afirmou serem de mísseis. "Isso contradiz as declarações norte-americanas e ocidentais de que não pretendem atacar este lugar", acusou.

Os primeiros bombardeios aéreos no sábado interromperam o avanço das forças de Kadafi sobre Benghazi, e alvejaram as defesas aéreas da Líbia.

A segunda onda de ataques aéreos ocidentais também atingiu as tropas de Kadafi em torno Ajdabiyah, cidade estratégica no leste da Líbia, que os rebeldes pretendem retomar e onde dizem precisar de mais ajuda.

MD/rtr/dpa/lusa/afp/ap
Revisão: Augusto Valente