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Novo país

31 de janeiro de 2011

Resultado do referendo mostra que a população do sul escolheu a independência. Agora, líderes de ambas as regiões precisam acertar fronteiras e divisão da cobiçada província petrolífera.

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Cidadão com bandeira do sul do SudãoFoto: DW

O sul do Sudão está prestes a se tornar o mais novo país do globo. Os resultados preliminares oficiais indicam que 98,8% dos cidadãos optaram pela independência da região, que deve se separar do norte do Sudão.

"Foi por isso que nós votamos, para que as pessoas possam ser livres em seu próprio país... Eu dou os parabéns um milhão de vezes", declarou o presidente da parte sul, Salva Kiir, comentando o resultado do referendo realizado entre 9 e 15 de janeiro.

Segundo informou Chan Reek Madut, chefe da comissão do referendo, mais de 99% dos eleitores de dez estados do sul do Sudão votaram pela independência. O porta-voz da comissão, George Makuer, informou que o resultado preliminar divulgado incluiu a opinião de cidadãos sulistas que vivem no norte do Sudão e em outros oito países.

Makuer informou que o resultado ainda será submetido a um cálculo final e que passará por processos legais. "Mas o resultado não deve mudar, talvez só alguns pontos decimais", complementou.

No total, 3,8 milhões de sudaneses votaram a favor da separação, e 44.888 optaram pela unidade do Sudão.

Pendências

O referendo foi uma promessa do acordo de paz assinado em 2005, depois de décadas de conflito entre o sul e o norte. A guerra civil mais longa da história do continente africano custou mais de 2 milhões de vidas.

"O projeto ainda não está acabado, não podemos declarar independência hoje", comentou Salva Kiir. Segundo os termos do tratado, o sul do Sudão poderá declarar sua separação legalmente em 9 de julho.

Até lá, no entanto, há pendências sobre a mesa de negociação. Os líderes do sul e do norte precisam concordar na questão do estabelecimento das fronteiras, em como será feita a divisão da receita pública após a separação e a posse sobre a disputada região de Abyei, onde há exploração de petróleo.

A divisão dos lucros gerados pela indústria petrolífera é a principal ameaça à estabilidade entre as partes e também o maior desafio durante as negociações, já que esta é a principal fonte de recursos de ambos os governos.

No norte

Em Cartum, o presidente sudanês, Omar al-Bashir – o mesmo que encabeçou os esforços do norte para reprimir os conflitos entre 1983 e 2005 – já reconhece a partilha iminente.

No início do mês, al-Bashir havia classificado como "novo começo" a decisão do sul de se tornar a 193º nação do globo, e disse que espera que os dois países tenham relações "amigáveis".

Próxima etapa

Resolvidos os assuntos pendentes entre norte e sul do Sudão, a nova nação independente terá tarefas internas complexas para cumprir.

Melha Rout Biel, professor na Universidade de Juba, ressalta como o trabalho deve começar: "Nós precisamos de uma nova legislação, que possa ser usada como fundamento para as eleições. O governo atual e o Parlamento devem trabalhar num esboço. Depois que isso for decidido, pode-se fazer uma nova eleição."

Uma comissão deve começar a trabalhar numa nova constituição já nos próximos meses. A comunidade internacional aguarda com ansiedade para conferir quão democrático será o novo país.

Autores: Nádia Pontes / Daniel Pelz
Revisão: Roselaine Wandscheer